O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, defendeu hoje a necessidade de recuperar o património baleeiro no concelho de Ponta Delgada e na ilha de São Miguel.
O edil, numa intervenção na vila baleeira de Capelas, lembrou que importa resgatar o património associado à baleação em São Miguel, atendendo à sua tradição, com “levantamento cultural e patrimonial, resgate museológico com os equipamentos, a arte e os testemunhos dos baleeiros e de todos os que andaram na faina e também através da valorização das terras onde ainda existem evidências desta prática”, como é o caso das Capelas. “Importa criar um roteiro de baleação e da identidade cultural a ela associada”, apelou.
O autarca presidiu esta manhã à inauguração e benção da obra de requalificação da zona das Pias das Capelas, executada no âmbito do Orçamento Participativo de Ponta Delgada, como resultado do “impulso cívico”.
O projeto, proposto por Nuno Costa, Rui Sousa e Sérgio Alves e orçado em 75 mil euros, vem, sustentou, “resgatar a memória e a identidade de um povo” e, ao mesmo tempo, “potenciar uma atividade de atração para turistas e visitantes”.
José Manuel Bolieiro expressou a sua gratidão para com os proponentes e em especial para com Rui Sousa, Presidente da Junta de Freguesia de Capelas, pela atitude pedagógica revelada e fundamental para “a criação de novos hábitos na democracia participativa” – palavras que o edil estendeu aos demais presidentes de juntas de freguesia que têm colaborado no Orçamento Participativo de Ponta Delgada.
O Presidente também destacou o facto de os painéis informativos das Pias, com textos da autoria de André Viveiros, a quem agradeceu o trabalho de investigação, apresentarem-se em bilingue (português e inglês), contribuindo para uma “contemplação informada”.
O Orçamento Participativo representa, explicou o autarca, uma oportunidade de a cidadania propor e deliberar e de o Município executar.
Relativa à 3.ª edição do Orçamento Participativo de Ponta Delgada, a obra hoje inaugurada inclui a requalificação das antigas pias e fontanário, a pavimentação de pequeno troço do arruamento de acesso às pias com paralelepípedos de pedra basáltica, a criação de local de lazer com mesas e bancos para merenda, a criação de dois pequenos miradouros para contemplação da costa e ainda a colocação de placas informativas com a história do local.
Mandado construir pela Câmara Municipal em 1865, o sistema de abastecimento de água era composto por aqueduto, fontanário de duas bicas e 18 pias de lavagem de roupa.
As pias eram, pode ler-se nos painéis informativos, um espaço de grande azáfama, onde “as raparigas davam barrelas às roupas sujas, as mães estendiam nos paredões cores de roupas limpas, enquanto as avós aninhavam netos” e “um pouco mais abaixo, homens rijos arreavam baleias e lançavam os rossos talhões em fornalhas, para verterem o óleo, qual pão de dias de trabalho arrancado de temores dos mares...”.
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Carmen
Costa